sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Elemento básico | A cor

As representações monocromáticas que tão prontamente aceitamos nos meios de comunicação visual são substitutos tonais da cor, substitutos disso que na verdade é o mundo cromático, nosso universo profusamente colorido. Enquanto tom está associado a questões de sobrevivência, sendo portanto essencial para o organismo humano, a cor tem afinidade com as emoções. É possível pensar na cor como o glacê estético do bolo, saboroso e útil em muitos aspectos, mas não absolutamente necessário para a criação de mensagens visuais. Esta seria uma visão muito superficial da questão. A cor está, de fato, impregnada de informação, e é que é uma das mais penetrantes experiências visuais que temos todos em comum. Constitui, portanto, uma fonte de valor inestimável para os comunicadores visuais.
No meio ambiente compartilhamos os significados associativos da cor das árvores, do céu, da terra, e de um número infinito de coisas nas quais vemos as cores como estímulos comuns a todos. E a tudo associamos um significado. Também conhecemos a cor em termos de uma vasta da categoria de significados simbólicos. O vermelho, por exemplo, significa algo, mesmo quando não tem nenhuma ligação com o ambiente. O vermelho que associamos a raiva passou também para a bandeira (ou capa) vermelha que se agita diante do touro. O vermelho pouco significa para o touro, que não tem sensibilidade para a cor e só é sensível ao movimento da bandeira ou capa. Vermelho significa perigo, amor, vida e mais uma centena de coisas. Cada uma das cores também tem inúmeros significados associativos e simbólicos. Assim, a cor oferece um vocabulário enorme e de grande utilidade para o alfabetismo visual. A variedade de significados possíveis vem neste fragmento do poema "The People, Yes", de Carl Sandburg:

Sendo vermelho o sangue de todos os homens de todas as nações a Internacional Comunista fez vermelho seu estandarte.
O papa Inocêncio IV deu aos cardeais seus primeiros capelos vermelhos dizendo que o sangue de um cardeal pertencia à santa madre igreja.
O vermelho, cor de sangue, é um símbolo.

Existem muitas teorias da cor. A cor, tanto da luz quanto do pigmento, tem um comportamento único, mas nosso conhecimento da cor na comunicação visual vai muito pouco além da coleta de observações de nossa reações a ela. Não há um sistema unificado e definitivo de como se relacionam os matizes.
A cor tem três dimensões que podem ser definidas e medidas. Matiz ou croma, é a cor em si,  e existe em número superior a cem. Cada matiz tem características individuais;  os grupos ou categorias de cores compartilham efeitos comuns. Existem três matizes primários ou elementares; amarelo, vermelho e azul. Cada um representa qualidades fundamentais. O amarelo é a cor que se considera mais próxima da luz e do calor; o vermelho é a mais ativa e emocional; o azul é passivo e suave. O amarelo e o vermelho tendem a expandir se; o azul, a contrair-se. Quando são associadas através de misturas, novos significados são obtidos. O vermelho, um matiz provocador, é abrandado ao misturar-se com o azul, e intensificado ao misturar-se com o amarelo. As mesmas mudanças de efeitos são obtidas com amarelo, que se suaviza ao se misturar com o azul.
Em sua formulação mais simples, a estrutura da cor pode ser ensinada através do círculo cromático. As cores primárias (amarelo, vermelho e azul), e as cores secundárias (laranja, verde e violeta) aparecem invariavelmente no diagrama. Também é comum que nele se incluam as misturas adicionais de pelo menos 12 matizes. A partir do simples diagrama do círculo cromático, é possível obter múltiplas variações de matizes.
A segunda dimensão da cor que é a saturação, que é a pureza relativa de uma cor, do matiz ao cinza. A cor saturada é simples, quase primitiva, e foi sempre a preferida pelos artistas populares e pelas crianças. Não apresenta complicações e, é explícita e inequívoca; compõe-se dos matizes primários e secundários. As cores menos saturadas levam a uma neutralidade cromática, e até mesmo ausência de cor, sendo sutis e repousante. quanto mais intensa ou saturada for a coloração de um objeto ou acontecimento visual, mais carregado estará de expressão e emoção. Os resultados informacionais, na opção por uma cor saturada ou neutralizada, fundamentam a escolha em termos de intenção. Em termos, porém, de um efeito visual significativo, a diferença entre a saturação e a sua é a mesma que existe entre o consultório de um dentista e o Eletricc Circus.
A terceira e última dimensão da cor é acromática. É o brilho relativo, do claro ao escuro, das gradações tonais ou de valor. É preciso observar e enfatizar que a presença ou ausência de cor não afeta o tom que é constante. Um televisor em cores é um excelente mecanismo para demonstração desse fato visual. Ao acionarmos o controle da cor até que a emissão fique em preto e branco e tenhamos uma imagem monocromática, estaremos gradualmente removendo a saturação cromática. O processo não afeta em absoluto os valores tonais da imagem. Aumentar ou diminuir a saturação vem demostrar a constância do tom, provando que a cor e o tom coexistem na percepção, sem se modificarem entre si.

A imagem posterior é o fenômeno visual fisiológicos que ocorre quando o olho humano esteve fixado ou concentrado em alguma informação visual. Quando essa informação, ou objeto, é substituída por um campo vazio e branco, vê-se uma imagem negativa no espaço vazio. O efeito está associado às manchas que vemos depois que nosso olho é atingido pelo clarão repentino de um flash, ou por luzes muito brilhantes. Embora esse seja um exemplo extremo, qualquer material ou tom visual provocará uma imagem posterior. A imagem posterior negativa de uma cor produz a cor complementar, ou seu extremo oposto. Munsell baseou toda a estruturas de sua teoria da cor nesse fenômeno visual. Em seu o círculo cromático, a cor oposta equivaleà cor que teria a imagem posterior. Mas há outras implicações do ato de olharmos para uma que pelo tempo suficiente para a produção de uma imagem posterior.

Veja mais:
http://brunnamds.blogspot.com.br/p/sintaxe-da-linguagem-visual.html

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