sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Elemento básico | A textura

A textura é o elemento visual que com frequência serve de substituto para as qualidades de outro sentido, o tato. Na verdade, porém, podemos apreciar e reconhecer a textura tanto através do tato quanto da visão, ou ainda mediante uma combinação de ambos. É possível que uma textura não apresente qualidades táteis, mas apenas óticas, como no caso das linhas de uma página de impressa, dos padrões de um determinado tecido ou dos traços superpostos de um esboço.
Há duas formas de obtermos essa visualização, através da cor complementar ou, através da cor oposta ou contrastante.

Onde há uma textura real, as qualidades táteis e óticas coexistem, não como tom e cor, que são unificados em um valor comparável e uniforme, mas de uma forma única e específica, que permite a mão e o olho uma sensação individual, ainda que projetemos sobre ambos um forte significado associativo. O aspecto da lixa e a sensação por ela provocada tem o mesmo significado intelectual, mas não mesmo valor. São experiências singulares, que podem ou não sugerir-se mutuamente em determinadas circunstâncias. O julgamento do olho custa ser confirmado pela mão através da objetividade do tato. É realmente suave ou apenas parece ser? Será um entalhe ou uma imagem em realce? Não é de admirar que sejam tantos os letreiros onde se lê "Favor não tocar"!
A textura se relaciona a composição de uma substância através de variações mínimas na superfície do material. A textura deveria funcionar como uma experiência sensível e enriquecedora. Infelizmente, nas lojas caras, os avisos "não tocar" coincidem, em partes, com o comportamento social, e somos fortemente condicionados a não tocar as coisas ou pessoas de nenhuma forma que se aproxime de um envolvimento sensual. O resultado é uma experiência tátil mínima, e mesmo reprimido naqueles que vêem.
Agimos com excessiva cautela quando estamos de olhos vendados ou no escuro, avançando às apalpadelas, e,  devido à limitação de nossa experiência tátil, com frequência somos incapazes de reconhecer uma textura. Na Expo Montreal de 1965, o 5+ Comingo Pavilion foi projetado para que os visitantes explorassem a qualidade de seus cinco sentidos. Era uma experiencia e de grande apelo popular. As pessoas cheiravam uma espécie de tubos, que ofereciam uma grande variedade de odores, embora suspeitassem, com razão, que alguns não seriam agradáveis. Ouviram, olharam, degustaram, mas ficaram inibidas e inseguras diante dos buracos escancarados nos quais deviam penetrar às cegas. O que temiam? Parece que a abordagem investigadora, natural, livre e manual do bebê e da criança foi eliminada no adulto pela - quem saberá ao certo? - ética anglo-saxã, pela representação puritana e pelos tabus instintivos. Seja qual foi o motivo, o resultado nos priva de um de nossos mais ricos sentidos. Mas o problema não é infrequente neste mundo cada vez mais plástico e voltado para as aparências. A maior parte de nossa experiência com a textura é ótica, não tátil. A textura não só é falseada de modo bastante convincente nos plásticos, nos materiais impressos, e nas peles falsas, mas, também, grande parte de coisas pintadas, fotografadas ou filmadas que vemos nos apresentam a aparência convincente de uma textura que ali não se encontra. O significado se baseia naquilo que  vemos. Essa falsificação é um importante fator para a sobrevivência na natureza, animais, pássaros, répteis, insetos e peixes assumem a coloração e a textura de seu meio ambiente como proteção contra os predadores. Na guerra, o homem copia esse método de camuflagem, numa resposta às mesmas necessidades de sobrevivência que inspiram na natureza.

Veja mais:
http://brunnamds.blogspot.com.br/p/sintaxe-da-linguagem-visual.html

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